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Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
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23/07/2012 - 17h59

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23/07/2012 - 17h59

Professores mantêm greve e esperam nova proposta do governo

Docentes de universidades e escolas federais recusaram ajuste salarial oferecido pelo Palácio do Planalto em reunião nesta segunda-feira.

 iG

 

Com gritos por manifestantes de “Dilma: a culpa é sua, a greve continua”, a reunião entre representantes do governo e dos professores de universidades e institutos tecnológicos federais nesta segunda-feira (23) terminou sem acordo pelo fim da paralisação iniciada há 66 dias por cerca de 80 mil docentes.

Foi rejeitada a tentativa do Palácio do Planalto de encerrar a greve a partir de um plano de reajuste salarial escalonado, apresentado na semana passada. “A proposta do governo desestrutura ainda mais a nossa carreira”, diz a presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Marinalva Oliveira.

O governo descontou a inflação com base nos índices oficiais estimados em 4,7% em 2012 e 4,5% prevista para 2013, 2014 e 2015. Com isso, o reajuste seria de até 77,27% para professores universitários e de 75,48% para docentes dos institutos tecnológicos. Os profissionais titulares poderiam atingir, assim, salário de R$ 17.057,74 em 2015.

O Andes critica a proposta, alegando que apenas 5% do quadro de professores são titulares. A maior parte é classificada como assistente-adjunto e associado. Segundo Marinalva, a proposta foi rechaçada por 58 sessões sindicais espalhadas pelo País. Isto porque, o Andes sustenta que 25% dos professores teriam uma desvalorização salarial se aceitasse a proposta.

A diferença seria o cálculo acumulado da inflação, tomando como base o salário de 2010, medida pelo Dieese. Seriam 35,5% de inflação acumulada. Com isso, professores associados poderiam ter perda de até 8,17% em 2015, enquanto os adjuntos receberiam aumento real entre 0,17% e 2,14%. “A proposta para algumas classes [docentes] teria perda salarial”, diz a presidente do sindicato.

O coordenador-geral do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), Gutenberg Almeida, afirma que um dos principais pontos que motivou a recusa dos professores dos institutos de ensino tecnológico foi a mudança no interstício – o mecanismo que prevê aumentos programados de salário. “Tudo o que nós vínhamos negociando com o governo foi jogado fora. Estávamos negociando interstício de 18 meses e o governo apresentou um de 24 meses”, diz.

A diferença, segundo ele, seria mais sentida pelas professoras no ato de aposentadoria. As mulheres precisariam trabalhar 22,5 anos para encerrar a carreira com salário menor que o dos homens. “O governo não fez uma proposta de carreira. O que estamos querendo discutir é o futuro da carreira, não é um reajuste”, diz Almeida.

Carta de princípios

Os professores não fizeram contraproposta ao governo, representado pelo secretario de relações de trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça. Os docentes entregaram uma carta com “princípios para nortear uma nova proposta pelo Planalto”.

Apesar de não formalizar mudanças, o Andes sugeriu que gratificações recebidas pelos professores sem constar no contracheque passem a ser consideradas na folha de pagamento, o que beneficiaria os trabalhadores em caso de aumentos salariais futuros. “Queremos o fim das gratificações para que elas se tornem parte do salário-base”, afirma Marinalva.

 

iG

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