Após ter o sistema de avaliação questionado pelos estudantes de todo o país, o Ministério da Educação lançou, nesta segunda (30), o manual "A redação no Enem 2012 - Guia do Participante". As correções das redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) receberam críticas dos candidatos, que não consideraram o processo transparente. No ano passado, segundo o MEC, 120 estudantes entraram na Justiça para pedir vistas da prova, por não concordarem com o resultado. Em 2012, 6.497.466 candidatos realizarão o Exame, sendo 140.837mil no estado do Piauí.

Na cartilha de 48 páginas, a principal mudança na redação do Enem se refere à discrepância entre estas duas notas e vale tanto para a nota final quanto para a nota de qualquer uma das competências. Essa discrepância acontece quando as notas finais dos avaliadores divergem entre si em mais de 200 pontos quando as notas por competência diferirem em mais de 80 pontos. Em 2011, a margem de erro era de 300 pontos.

BAIXE AQUI

Um terceiro avaliador será convocado, caso essas duas situações forem apresentadas. Para solucionar a divergência, a nota do terceiro avaliador será considerada final. O manual prevê ainda outro caso: se esta terceira pontuação continuar discrepante em relação às demais, uma banca composta por três examinadores atribuirá a nota final.

Cada um dos avaliadores analisa cinco competências na redação. Elas permanecem iguais às edições anteriores do Enem. A nota final vai de 0 a mil pontos, sendo calculada pela média aritmética das duas notas atribuídas à prova pelos dois avaliadores. O candidato pode somar no máximo 200 pontos em cada competência. "No guia está definido o que se espera de cada uma das competências da redação com exemplos. Queremos dar mais objetividade à correção de um texto que é subjetivo", disse o ministro da Educação Aloizio Mercadante, em entrevista coletiva, em Brasília.

O ministro também afirmou, em maio, que o ministério firmou um termo de ajustamento de conduta com a Justiça no final do ano passado, no qual ficou definido que os estudantes teriam acesso à correção da prova de redação mediante um pedido.

A diretora da Unidade de Educação da Seduc (Secretaria Estadual de Educação), Oscarina Silva, acredita que a cartilha minimiza os questionamentos dos candidatos. "O manual explica e orienta a metodologia das redações e mostra as pontuações. Agora, são 40% mais avaliadores passando de três mil para 4.200 avaliadores. Com isso, não existirá mais dúvidas", garante a gestora.

Competências

Os critérios de pontos das competências também foram explicados no manual. Ao todo, são seis os níveis de pontuação: zero, 40, 80, 120, 160 e 200. Na competência de número I - na qual o estudante deve demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita - o estudante receberá nota zero, caso demonstre "desconhecimento total da norma padrão". Ganhará a pontuação máxima (200) aquele "que não apresentar, ou apresentar pouquíssimos desvios gramaticais leves e de convenções da escrita".

O MEC selecionou seis exemplos de redações que tiveram nota mil no Enem do ano passado. Os textos foram acompanhados de uma explicação geral e comentários sobre o tema, que no ano passado foi "Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado".

O guia da redação pode ser terá inicialmente uma tiragem de 1.700.00 cópias, distribuídas às escolas públicas de todo o país. Haverá também cópias em Braille e na forma ampliada, para pessoas com déficit de visão.

As aplicações das provas do Enem vão ocorrer nos dias 3 e 4 de novembro, a partir das 13horas, horário oficial de Brasília. No primeiro dia serão realizadas as provas de Ciências Humanas e Ciências da Natureza. Já no segundo, os candidatos fazem as provas de Matemática; Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; e a Redação. A divulgação do gabarito oficial está prevista para o dia 7 de novembro, e o resultado final a partir de 28 de dezembro.

Competências da Redação
Competência I: Demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita
Competência II: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.
Competência III: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
Competência IV: Demonstrar conhecimento dos mecanismos lingüísticos necessários para a construção da argumentação.
Competência V: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

Avaliação dos critérios
Exemplo: Competência I

Nota 0: Demonstrar "desconhecimento total da norma padrão"
40 pontos: Demonstrar "domínio insuficiente da norma padrão, apresentando graves e frequentes desvios gramaticais e de convenções da escrita"
80 pontos: Demonstrar "domínio mediano da norma padrão, apresentando grande quantidade de desvios gramaticais e de convenções da escrita graves ou gravíssimos"
120 pontos: Demonstrar "domínio adequado da norma padrão, apresentando alguns desvios gramaticais graves e de convenções da escrita"
160 pontos: Demonstrar "bom domínio da norma padrão, apresentando poucos desvios gramaticais leves"
200 pontos: Não apresentar, ou apresentar pouquíssimos desvios gramaticais leves e de convenções da escrita

Fonte: MEC