Diante o compromisso do Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), que é estabelecer um pacto nacional para a definição de diretrizes e políticas públicas voltadas para a melhoria da oferta de água, em quantidade e qualidade, o projeto "Monitoramento da qualidade da água na bacia hidrográfica dos rios Poti e Parnaíba", coordenado pelo professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Dr. Carlos Ernando da Silva, visa avaliar o impacto da urbanização nos rios, traçando indicadores de qualidade por meio da elaboração de diagnóstico qualitativo dos recursos hídricos, para a melhoria da qualidade de vida da população residente no município de Teresina (PI).
Responsável por banhar o município de Crateús (CE) e boa parte da região, o rio Poti nasce na Serra da Joaninha, na cidade de Quiterianópolis (CE), e viaja cerca de 450 km entre os estados do Piauí e Ceará. Ao chegar a Teresina (PI), encontra-se com o rio Parnaíba, no ponto turístico chamado Encontro dos Rios.
Limitando os estados do Piauí e Maranhão, o rio Parnaíba nasce na Chapada das Mangabeiras (MA) e percorre cerca de 1450 km até chegar ao oceano Atlântico. O rio Parnaíba possui ainda um importante papel socioeconômico, pois a partir de seus recursos minerais, propicia atividades como a pesca, o lazer, o abastecimento urbano e a navegação.
O Prof. Dr. Carlos Hernando da Silva, citou a importância de fazer um monitoramento contínuo da água dos rios. "Pelo menos uma vez no mês são coletadas amostras d'água em ambos os rios. Os pontos de coleta variam de acordo com a urbanização e a facilidade do acesso ao local. É importante fazer uma análise sistemática, porque sem ela não tem como saber se água está apta para uso. Tudo varia durante as estações, então não tem como fazer uma análise da água hoje e dizer que ela pode ser utilizada para sempre", relatou.
No rio Poti existem sete pontos: o primeiro na região da Usina Santana; depois na Curva São Paulo; posteriormente nas pontes Deputado Paulo Ferraz (Tancredo Neves), Wall Ferraz, Juscelino Kubitschek (Frei Serafim), Mestre João Isidoro França (Estaiada) e Petrônio Portela (Primavera).
No rio Parnaíba as coletas são realizadas em cinco pontos: nas imediações do Atlantic City Campestre, extrema zona sul da capital; no ponto turístico Encontro dos Rios; e posteriormente em todas as pontes que ligam Teresina (PI) à cidade de Timon (MA), Engenheiro Antônio Noronha (Ponte Nova), José Sarney (Amizade) e João Luiz Ferreira (Metálica).
Finalizando as coletas, o material é encaminhado ao Laboratório de Saneamento do Centro de Tecnologia (CT), para serem analisados uma série de parâmetros que indicarão por fim a qualidade da água nos diferentes pontos pesquisados.
Resultados
Segundo o pesquisador, os resultados das análises variam desde os pontos coletados, até as estações do ano. O rio Poti nas regiões da Usina Santana e da Curva São Paulo, segundo análises, possui água em bom estado. Entretanto, ao adentrar a cidade chegando nas imediações dos shoppings, a qualidade da água está fora dos padrões recomendados para uso. "Por possuir uma vazão pequena na época da seca, o rio Poti sofre interferência do rio Parnaíba. Essa interferência ocasiona o represamento de suas águas, causando assim o acumulo de poluentes e a formação de algas no leito do rio", explica.
O rio Parnaíba em todos os pontos de coleta possui água própria para o consumo. Uma das poucas particularidades observadas nas pesquisas no rio Parnaíba, é que na época da cheia, ele carrega consigo a sujeira trazida das ruas pela água das chuvas. Isso afeta diretamente a turbidez da água. Assim, para torná-la própria para o consumo, é necessário dosá-la com mais intensidade.
"A implantação de uma infraestrutura de saneamento é indispensável para continuar garantindo a qualidade da água. Apesar de ser um rio urbano, o Parnaíba possui uma qualidade de água boa. Mas a pergunta é: até quando? Se não for implantada uma infraestrutura de saneamento que trate os esgotos, que faça uma coleta de lixo adequada, o rio poderá chegar sim ao nível de poluição do Poti", finalizou o professor.
Saneamento Básico
Segundo o Ranking do Saneamento 2014, realizado pelo Instituto Trata Brasil, Teresina possui um dos piores indicadores de saneamento básico do Brasil, pois apenas 16,33% da população possuem coleta de esgoto. Com relação ao tratamento, apenas 14,7% do esgoto da cidade passa por esse serviço.
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