Teresina terá o primeiro espaço público em homenagem à cultura e às religiões de matriz africana, Umbanda e Candomblé. Trata-se da Praça dos Orixás, que será erguida no bairro São Joaquim, área de intervenção da Programa Lagoas do Norte. A capital piauiense é a terceira do Brasil e a segunda do Nordeste a ter um espaço destinado às duas religiões.
A solenidade de assinatura da ordem de serviço para o início da execução da obra será nessa terça-feira (1º), às 8h30, no Terreiro de Pai Oscar de Oxalá, o primeiro de Candomblé do Estado, em reconhecimento à atuação de Pai Oscar para a construção da Praça e em homenagem à sua memória como líder religioso. A assinatura terá a presença do prefeito Firmino Filho e do diretor do Banco Mundial para o Brasil, Martin Raiser.
Para os povos de terreiro, a Praça dos Orixás é um reconhecimento às religiões que fazem parte da cultura da cidade e que ajudaram a construí-la. “A praça é uma quebra de paradigmas, pois ela dá visibilidade ao Candomblé e à Umbanda. Ela permite que a sociedade se aproxime e se familiarize com essas duas religiões. A Praça dos Orixás, que é um reconhecimento do poder público, contribui para minimizar a intolerância religiosa”, afirma a coordenadora estadual do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro Brasileira (CENARAB), Mãe Ruthineia de Iansã.
O secretário Municipal de Planejamento e Coordenação, Washington Bonfim, lembra que o poder público tem o compromisso de proteger e preservar as tradições da cidade. “O Lagoas do Norte é um programa de resgate do berço histórico da cidade, com a implantação de mecanismos contra as cheias e de sistemas de esgotamento sanitário, com vistas à melhoria da qualidade de vida da população. Mais que isso, o Programa está sendo concebido a partir do respeito à história dos primeiros habitantes, fundadores de Teresina, e suas tradições culturais e religiosas”, pontua.
De acordo com o levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Piauí possui 1.500 terreiros, sendo mais de 480 em Teresina. A maioria deles está localizada na zona Norte da cidade, região onde será erguida a Praça dos Orixás.
“O maior número de terreiros de Umbanda e Candomblé se concentra na zona Norte. A Praça dos Orixás reflete todo o simbolismo das religiões de matriz africana e é feita com eles e por eles. Desde o início, mantivemos estreitos os laços com pais e mães de santo de Teresina, em especial com aqueles dos bairros beneficiados pelo Programa Lagoas do Norte. Até chegarmos ao projeto que será executado, realizamos diversos ajustes de forma que atendesse aos anseios e à vontade do povo de terreiro”, afirma o coordenador do Programa Lagoas do Norte, Erick Amorim.
A ideia da Praça das Orixás começou a ser discutida em 2012 durante o Seminário Sustentabilidade e Cultura: Um Norte para Teresina. Em 2014, o projeto de concepção do espaço foi apresentado aos pais e mães de santo. Até abril deste ano, com a aprovação final do projeto pelos pais e mães de santo, a Prefeitura de Teresina manteve o diálogo com os representantes da Umbanda e Candomblé para realizar os ajustes. No projeto original, por exemplo, estavam previstas apenas nove esculturas, mas a pedido dos pais e mães de santo serão erguidas 13, sendo dez orixás e três entidades representativas de Umbanda.
Junto com as 13 esculturas que serão feitas por artista plástico escolhido pelos pais e mães de santo, a Praça dos Orixás terá também um palco para apresentações. O investimento para construção da Praça é de R$ 501.508,68 (quinhentos e um mil quinhentos e oito reais e sessenta e oito centavos).
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