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Segunda-feira, 18 de novembro de 2024
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Ana Regina Rêgo

anareginarego@gmail.com

21/10/2016 - 08h24

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Ana Regina Rêgo

anareginarego@gmail.com

21/10/2016 - 08h24

Eu, Ana Regina Rêgo, feminista e futura adepta da cannabis!

Bom dia caríssimos leitores! Nossa conversa de hoje tem como objetivo tratar de forma direta o preconceito contra o feminismo, sobretudo, de mulheres que se posicionam contra a ideologia que defendemos,como se feminismo fosse alguma coisa muito ruim para a relação homem x mulher na sociedade. Então começamos com o básico, a saber: o que vem a ser Feminismo? ( Não se trata de um texto acadêmico, portanto, os termos aqui usados procuram traduzir a temática de forma simples).

 

Feminismo se compõe de uma gama de lutas, conceitos, movimentos filosóficos e políticos, construções ideológicas que procuram esclarecer e batalhar pela igualdade entre os gêneros, objetivando garantir direitos equânimes para todxs. Ou seja, reúne a luta das mulheres desde sempre e congrega todas as ações que muitas de nós tiveram a coragem e a ousadia de realizar em prol de todxs ao longo da história da humanidade.

 

A nomenclatura Feminismo passou a ser utilizada na Europa, principalmente, na França e Inglaterra, por volta da segunda metade do século XIX para designar a luta das mulheres para garantir direitos e espaços na sociedade, principalmente, no espaço público; pois na grande maioria das sociedades, as mulheres somente possuíam, e, em muitos casos, ainda possuem, direitos restritos aos ambientes privados.

 

Estudiosxs do tema falam de três ondas do movimento feminista contemporâneo. Aprimeira que teria ocorrido no final do século XIX e inicio do século XX em que as mulheres reivindicavam o direito à educação, ao voto e igualdade de direitos trabalhistas, como também o direito à propriedade privada. Essa luta esteve centradaem alguns países mais desenvolvidos, mas chegou a envolver também sociedades cujo desenvolvimento se apresentava dissonante e tardio. No Piauí,por exemplo, tivemos ainda 1904, algumas de nossas primeiras jornalistas reivindicando o direito à educação.

 

A segunda onda do movimento feminista vai ocorrer a partir da década de 1960 e teve ampla participação das mulheres e grande repercussão política. Nesse momento o debate e as lutas abrangem também as questões da família e da sexualidade feminina, principalmente, o direito da mulher de dispor do próprio corpo no que concerne a reprodução. Por outro lado, toda uma luta para derrubar a criminalização do adultério feminino esteve na pauta nesse momento. No Brasil esse tema somente foi revisto há poucos anos e ainda na década de 1970 tivemos assassinos de mulheres, inocentados pela Justiça brasileira, pois as defesas alegavam legítima defesa da honra.

 

A terceira onda, que seapresenta mais complexa do que os momentos anteriores, acompanha as transformações sociaisda contemporaneidade e teve inicio na última década do século XX, procurando trabalhar as lacunas deixadas pelo segundo movimento. Uma das questões abordadas é a quebra do binarismo do gênero. O Feminismo agora não se dedica somente às mulheres já assim denominadas desde sempre, mas a todxs que se identificam com a condição feminina. Por outro lado, objetiva ainda focar na diversidade de experiências do universo feminino abrangendo todas as cores, etnias, opções religiosas e culturas.  Por tanto, a terceira onda traz para o cerne da discussão questões desafiadoras sobre a essência do feminino, abrangendo outras condições e questões antes não previstas na constituição do feminino.

 

O movimento, em suas diversas faces, mantém na pauta, temáticas como o alto índice de violência contra a mulher. No Brasil, o estupro é um dos crimes mais recorrentes, na maioria das vezes sem punição, porque os criminosos encontram apoio no pensamento conservador social ainda dominante de que a mulher é culpada pelo crime que sofre, tendo como motivador as roupas que veste ou o comportamento livre.

 

Esta e outras questões envolvem a disseminação de conhecimentopara e entre as  mulheres responsáveis pela perpetuação da cultura machista ao educarem seus filhos diferentemente de suas filhas; conduta ainda hoje muito visível em todas as classes sociais. Desse modo, o esclarecimento é uma das armas mais eficientes para sensibilizar as educadoras de que é preciso mudar a forma de educar.

 

O racismo e a homofobia também fazem parte da extensa pauta de lutas por direitos iguais, encampada pelo movimento feminista. O primeiro tema, como uma prática velada e negada pela população brasileira ainda ocorre com grande frequência e, embora a prática esteja criminalizada, poucos são os casos que chegam à justiça. Somos uma sociedade miscigenada que nega as raízes que possui.

 

A homofobia por outro lado, tem se tornado pauta inclusive das editorias de polícia nos jornais de todo o país. Crimes e crimes estão ocorrendo e não estão recebendo a devida atenção da população. A onda conservadora que agora varre o Brasil e que alega defender um pretenso modelo de família, formado por um casal heterossexual, tem impulsionado a violência contra os homossexuais, seja como assédio moral, seja violência verbal e, principalmente, na forma deviolência física, chegando ao extremo do aumento do número de assassinatos de homossexuais/transexuais  em todo o país.

 

Na mesma vertente, somos uma sociedade tão contraditória que não enxergamos o mal que fazemos, não visualizamos que o abismo social vigente e que a partir do presente momento com a ameaça da PEC 241, dita do fim do mundo, deverá se tornar mais intenso. Não visualizamos que o abismo social e educacional, já referido, é um dos principais motivadores da violência que nos rodeia e da qual somente escapamos por pura sorte, pois nem muros altos, nem câmaras de vigilância são capazes de nos proteger.

 

Então por tudo isso, sou feminista, sim senhor! Luto para que mulheres e todxs que se identificam com a condição feminina venham a ter os mesmos direitos que os ditos homens brancos bem nascidos. O empoderamento da condição feminina é “conditio sinequanon”para que venhamos a ter um país mais justo e humano.

 

E porque no título do artigo coloquei futura adepta da cannabis? Pra chocar e marcar posição no contexto já tratado. Já avisei aos meus pais e as minhas filhas que serei uma velhinha maconheira. Ainda não comecei porque não tenho afinidade com cigarros, mas estou procurando alternativas. A ideia é, no futuro, e diante do quadro que se pinta no Brasil,manter a sanidade física e mental sem precisar recorrer a drogas pesadas e legalmente autorizadas.

 

Por fim, dedico este texto hoje pra minhas três lindas filhas: Ranielle, Dalila e Clara. E, em especial para Dalila que hoje está de aniversário e que carrega consigo toda a força que o nome lhe impõe. Dalila guerreira, ousada, decidida, inteligente, artista, musicista e bela. Receba todo o meu amor princesa!

 

Ana Regina Rêgo

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