De acordo com o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública 2019, entre os anos de 2017 e 2018, 75,4% dos mortos pela polícia no Brasil eram negros ou pardos, enquanto que 24,4% eram brancos. O mesmo documento informa que um jovem negro no Brasil tem duas vezes e meia de chance a mais de ser morto, do que um jovem branco, mesmo que estejam na mesma faixa econômica e educacional e residam na mesma comunidade. Por outro lado, em 2018 de cada 100 pessoas mortas em nosso país, cerca de 11, ou um pouco mais de 10%, foram assinadas pela polícia, instituição que deveria proteger o cidadão em todas as situações e não o contrário.
Embora, cada caso seja distinto. Embora muitas mortes aconteçam em combate contra o tráfico, não há como negar que existe um genocídio da população negra jovem no Brasil. Não há como negar que vivemos em um país desigual que condena o negro a uma vida de sofrimento, preconceito e bastante complicada desde o berço.
Na última terça-feira (19), o deputado do ex-Partido do Presidente Jair Bolsonaro, o PSL, Coronel Tadeu quebrou/rasgou um painel de uma exposição contra o genocídio da população negra que estava exposto no túnel entre o Anexo II e o Plenário da Câmara dos Deputados. A mediocridade e a hipocrisia de muitas mentes reinantes nos palácios de Brasília aceita que tamanha agressão seja considerada um direito democrático, quando se configura como uma postura fascista e totalitária que não respeita o direito de manifestação das minorias.
Já afirmei e repito neste espaço de jornalismo opinativo: - democracia não é e nunca foi o lugar do pode tudo. Democracia é o lugar do respeito. A imagem quebrada pelo inconsciente deputado, aliás o Congresso está repleto de pensamentos laterais absurdos na atual legislatura, pois bem, a imagem continha a representação da violência policial contra a população negra, cujos dados acima, são exemplares. O referido deputado se sentiu agredido e considerou que a imagem depunha contra a reputação da polícia no Brasil.
Não seria mais sensato treinar melhor os policiais? Não seria mais sensato educar os policiais para a tolerância e para a convivência? Não seria melhor dar melhores condições para o trabalho de risco nas ruas? Não seria mais viável pagar bons salários e diminuir a exaustiva jornada de trabalho desses profissionais que se expõem todos os dias? Não seria mais civilizado reconhecer os erros e tentar melhorar a convivência entre polícia e sociedade?
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública já mencionado, divulgou que no Brasil o número de policiais que comentem suicídio é superior aos que são mortos em confronto com o tráfico ou em outras situações de violência e risco. Isto significa que temos problemas estruturais na política de segurança pública brasileira que não atende a sociedade, visto que não prepara os profissionais para atuarem em defesa desta. Inúmeros jovens e crianças, moradores de comunidades espalhadas por todo o Brasil, são mortos diariamente sem ter qualquer envolvimento com drogas ou com condutas ilícitas.
E, considerando os números de suicídio no ambiente policial, percebemos que o problema é bem maior, visto que os próprios policiais não estão preparados para a cruel realidade diária e para uma vida de violência, quando deveriam, em tese, promover a paz.
O fato é que nessa guerra entre policiais e população, considerando todos os níveis, os negros são os mais perseguidos, prejudicados e mortos. Desse modo e considerando o dia da consciência negra, comemorado ontem em várias partes do Brasil, vale reafirmar que a sociedade brasileira é racista sim. Racista e hipócrita. O mito da democracia racial tem servido para esconder nossa verdadeira essência violenta e preconceituosa que retornou à superfície no último pleito eleitoral, mostrando a face da injustiça social que justifica privilégios de poucos como direitos e arrola os direitos dos mais pobres como privilégios.
Partindo, portanto, do reconhecimento de que somos uma sociedade preconceituosa e racista, um pouco de história, como sempre, faz bem, sobretudo, a quem não possui consciência nem de si, que dirá do outro, ou, da humanidade.
Podemos inicialmente, relembrar os quase 400 anos de escravidão institucionalizada em nosso país, se incluirmos a escravidão dos indígenas, verdadeiros donos deste país. Mas a escravidão que a Lei Áurea aboliu se travestiu,posteriormente, de inúmeras outras formas de dominação que tem acompanhado os negros e descendentes até os dias atuais. Inclusive, se consolida nas desigualdades sociais que condenam os negros à pobreza, violência e exclusão.
Do ponto de vista histórico se voltarmos à Constituição de 1824 o negro, nas palavras de Verônica Baravieira (2005) “ [...] situava-se em região limítrofe entre coisa e pessoa, mas na pior das situações, pois seu interesse era o último que prevalecida, ou seja, conforme o interesse dos senhores, o negro adquiria e perdia sua precária personalidade”.
Cem anos depois, na Constituição de 1934 falava-se em todos iguais perante a lei, entretanto, esse todos não eram todos, visto que essa pretensa Carta magna era de grande inclinação eugênica e pregava a educação eugênica, separando o lugar dos negros nas escolas. Mas ia bem além e até mesmo aos imigrantes eram imposto que seriam bem recebidos somente os que provassem ter boa ascendência europeia, vide a própria Constituição de 34, Art. 2º: “Atender-se-á, na admissão de imigrantes, à necessidade de preservar e desenvolver, na composição étnica da população, as características mais convenientes da sua ascendência europeia”.
Essas imposições históricas e contumazes do Estado brasileiro ao povo negro se naturalizaram a tal ponto, que toda a sociedade chegou a considerar e em grande medida ainda considera, que os negros são inferiores.
O mito da democracia racial abriga os racistas que inconscientes ou conscientes de si, procuram justificar suas ações discriminatórias. Na verdade não sei em que país vivem os hipócritas que acreditam neste mito, mas não é no Brasil que mata negros em proporções infinitamente maiores que brancos, que violenta e mata mulheres negras a cada minuto. Que trata como marginais qualquer negro ou mulato simplesmente pela cor. Que discrimina professores universitários, médicos, artistas e todos os profissionais negros minimizando o valor de seu trabalho simplesmente pela cor da pele. Que ainda hoje discrimina negros no acesso a prédios de luxo em localizações privilegiadas deste país, portanto, repito em alto e bom som: hipócritas!
Depois de tudo isso, obviamente, “muitos cidadãos” de “bem” ainda acham que não precisamos ter consciência da importância da inclusão do negro na sociedade. Contestam cotas para universidades públicas porque consideram privilégios dados a uma cor. Que tal lembrarmos que a igualdade de que fala a nossa Constituição só pode ser conquistada se todos tivermos as mesmas oportunidades. Fica a dica!
Embora, cada caso seja distinto. Embora muitas mortes aconteçam em combate contra o tráfico, não há como negar que existe um genocídio da população negra jovem no Brasil. Não há como negar que vivemos em um país desigual que condena o negro a uma vida de sofrimento, preconceito e bastante complicada desde o berço.
Na última terça-feira (19), o deputado do ex-Partido do Presidente Jair Bolsonaro, o PSL, Coronel Tadeu quebrou/rasgou um painel de uma exposição contra o genocídio da população negra que estava exposto no túnel entre o Anexo II e o Plenário da Câmara dos Deputados. A mediocridade e a hipocrisia de muitas mentes reinantes nos palácios de Brasília aceita que tamanha agressão seja considerada um direito democrático, quando se configura como uma postura fascista e totalitária que não respeita o direito de manifestação das minorias.
Já afirmei e repito neste espaço de jornalismo opinativo: - democracia não é e nunca foi o lugar do pode tudo. Democracia é o lugar do respeito. A imagem quebrada pelo inconsciente deputado, aliás o Congresso está repleto de pensamentos laterais absurdos na atual legislatura, pois bem, a imagem continha a representação da violência policial contra a população negra, cujos dados acima, são exemplares. O referido deputado se sentiu agredido e considerou que a imagem depunha contra a reputação da polícia no Brasil.
Não seria mais sensato treinar melhor os policiais? Não seria mais sensato educar os policiais para a tolerância e para a convivência? Não seria melhor dar melhores condições para o trabalho de risco nas ruas? Não seria mais viável pagar bons salários e diminuir a exaustiva jornada de trabalho desses profissionais que se expõem todos os dias? Não seria mais civilizado reconhecer os erros e tentar melhorar a convivência entre polícia e sociedade?
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública já mencionado, divulgou que no Brasil o número de policiais que comentem suicídio é superior aos que são mortos em confronto com o tráfico ou em outras situações de violência e risco. Isto significa que temos problemas estruturais na política de segurança pública brasileira que não atende a sociedade, visto que não prepara os profissionais para atuarem em defesa desta. Inúmeros jovens e crianças, moradores de comunidades espalhadas por todo o Brasil, são mortos diariamente sem ter qualquer envolvimento com drogas ou com condutas ilícitas.
E, considerando os números de suicídio no ambiente policial, percebemos que o problema é bem maior, visto que os próprios policiais não estão preparados para a cruel realidade diária e para uma vida de violência, quando deveriam, em tese, promover a paz.
O fato é que nessa guerra entre policiais e população, considerando todos os níveis, os negros são os mais perseguidos, prejudicados e mortos. Desse modo e considerando o dia da consciência negra, comemorado ontem em várias partes do Brasil, vale reafirmar que a sociedade brasileira é racista sim. Racista e hipócrita. O mito da democracia racial tem servido para esconder nossa verdadeira essência violenta e preconceituosa que retornou à superfície no último pleito eleitoral, mostrando a face da injustiça social que justifica privilégios de poucos como direitos e arrola os direitos dos mais pobres como privilégios.
Partindo, portanto, do reconhecimento de que somos uma sociedade preconceituosa e racista, um pouco de história, como sempre, faz bem, sobretudo, a quem não possui consciência nem de si, que dirá do outro, ou, da humanidade.
Podemos inicialmente, relembrar os quase 400 anos de escravidão institucionalizada em nosso país, se incluirmos a escravidão dos indígenas, verdadeiros donos deste país. Mas a escravidão que a Lei Áurea aboliu se travestiu,posteriormente, de inúmeras outras formas de dominação que tem acompanhado os negros e descendentes até os dias atuais. Inclusive, se consolida nas desigualdades sociais que condenam os negros à pobreza, violência e exclusão.
Do ponto de vista histórico se voltarmos à Constituição de 1824 o negro, nas palavras de Verônica Baravieira (2005) “ [...] situava-se em região limítrofe entre coisa e pessoa, mas na pior das situações, pois seu interesse era o último que prevalecida, ou seja, conforme o interesse dos senhores, o negro adquiria e perdia sua precária personalidade”.
Cem anos depois, na Constituição de 1934 falava-se em todos iguais perante a lei, entretanto, esse todos não eram todos, visto que essa pretensa Carta magna era de grande inclinação eugênica e pregava a educação eugênica, separando o lugar dos negros nas escolas. Mas ia bem além e até mesmo aos imigrantes eram imposto que seriam bem recebidos somente os que provassem ter boa ascendência europeia, vide a própria Constituição de 34, Art. 2º: “Atender-se-á, na admissão de imigrantes, à necessidade de preservar e desenvolver, na composição étnica da população, as características mais convenientes da sua ascendência europeia”.
Essas imposições históricas e contumazes do Estado brasileiro ao povo negro se naturalizaram a tal ponto, que toda a sociedade chegou a considerar e em grande medida ainda considera, que os negros são inferiores.
O mito da democracia racial abriga os racistas que inconscientes ou conscientes de si, procuram justificar suas ações discriminatórias. Na verdade não sei em que país vivem os hipócritas que acreditam neste mito, mas não é no Brasil que mata negros em proporções infinitamente maiores que brancos, que violenta e mata mulheres negras a cada minuto. Que trata como marginais qualquer negro ou mulato simplesmente pela cor. Que discrimina professores universitários, médicos, artistas e todos os profissionais negros minimizando o valor de seu trabalho simplesmente pela cor da pele. Que ainda hoje discrimina negros no acesso a prédios de luxo em localizações privilegiadas deste país, portanto, repito em alto e bom som: hipócritas!
Depois de tudo isso, obviamente, “muitos cidadãos” de “bem” ainda acham que não precisamos ter consciência da importância da inclusão do negro na sociedade. Contestam cotas para universidades públicas porque consideram privilégios dados a uma cor. Que tal lembrarmos que a igualdade de que fala a nossa Constituição só pode ser conquistada se todos tivermos as mesmas oportunidades. Fica a dica!
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