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10/11/2012 - 12h15

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10/11/2012 - 12h15

Há exatas quatro décadas, morria o poeta Torquato Neto

O jovem de Teresina que, com arguta inteligência, transava todas, da formatação de um movimento estético-cultural, passando pela música e pelo jornalismo, até desaguar no cinema udigrúdi.

 Redação

 

Torquato Pereira de Araújo, neto (era assim mesmo que grafava seu nome), suicidou-se com o gás do banheiro em seu apartamento no Rio há exatos 40 anos.

Morria ali, aos 28 anos completados na véspera, o jovem de Teresina que, com arguta inteligência, transava todas, da formatação de um movimento estético-cultural, passando pela música e pelo jornalismo, até desaguar no cinema udigrúdi.

Manteve íntimo interesse pelo cinema marginal, atuando como ator e produzindo filmes. Flertara antes com o cinema novo, roteirizando e trabalhando na produção de “Barravento” (1962), filme de Glauber Rocha.

Formou com Caetano Veloso e Gilberto Gil a santíssima trindade do tropicalismo. Cabeça pensante do movimento, parecia ter mais consciência do que estava acontecendo na música popular brasileira –não por acaso, também foi crítico musical.

Toninho Vaz, na biografia de Torquato “Pra Mim Chega” (Casa Amarela, 2005), diz: “De todos os tropicalistas, Torquato era o menos conhecido. Sua importância para o movimento está numa razão inversa à sua popularidade, pois ele foi um tropicalista de primeira hora, junto com Caetano e Gil. Muito desse anonimato, entretanto, se deve a ele mesmo, que, como bem disse Augusto de Campos, deu as costas ao sol”.

Agora, o jornalista Kenard Kruel, também piauiense, lança edição revista e ampliada (das 622 páginas originais, a nova edição vai para 704, com mais textos e fotos ) do livro “Torquato Neto ou A Carne Seca É Servida” –sai pela sua Zodíaco (zodiacoeditora.blogspot.com.br).

Foi num centro espírita em Parnaíba, pouco após a morte do poeta, que Kruel ouviu falar pela primeira vez de Torquato. Depois, já em Teresina, deu de cara com “Os Últimos Dias de Paupéria”, livro póstumo de Torquato. Não mais parou de pesquisar sobre o tropicalista.

Kruel estima estudar Torquato há cerca de 30 anos, desde a leitura, naquele livro, do poema “Cogito”, para ele “um choque muito grande”.

Impressionado pela vastidão da produção de Torquato Neto, “sem nunca perder a qualidade”, Kenard Kruel recorda que foi “juntando o que ia garimpando” e, assim, chegou ao livro. Foram duas primeiras edições de 5.000 exemplares –desta terceira, fez tiragem de 10 mil.

“Todos os dias vendo livro do Torquato Neto, principalmente pela internet”, afirma.

Kruel contabiliza vendas do volume nos Estados Unidos, na Holanda, na Espanha, na China e no Japão. Diz que, no país, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e São Paulo concentram o maior número de compradores.

“É impressionante saber que os pedidos são, na maioria, de pessoas entre 15 a 30 anos. Torquato Neto é o nosso Peter Pan”, define.

Para o pesquisador, o poeta “antecipou a linguagem telegráfica, fragmentada da internet”. “Torquato Neto: quanto mais explorado, mais mina de ouro a céu aberto”, glosa Kruel.
Quem duvida de que o poeta esteja vivo?

Raio X Torquato Neto

Vida
Nasceu em Teresina, Piauí, em 1944. Mudou-se, em 1962, para o Rio, onde se suicidou dez anos depois

Obra
Poeta, foi também jornalista em veículos cariocas, nos quais defendeu a vanguarda na poesia, no cinema e na música. É considerado um dos vértices da tropicália. Compôs com Gilberto Gil, Caetano Veloso, Capinam, Jards Macalé e Edu Lobo, entre outros

Fonte: Folha.com

Redação

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