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Redação

contato@acessepiaui.com.br

06/09/2018 - 11h48

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Redação

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06/09/2018 - 11h48

Fraude e deboche: pesquisa Globo/Ibope é maior escândalo da eleição

Nada mais pode surpreender quando estão em jogo os interesses superiores dos donos da mídia para determinar os rumos de uma eleição.

 

 

Primeiro, anunciaram a divulgação da nova pesquisa presidencial Globo/Ibope para a noite de terça-feira.

Na última hora, porém, ao conhecer os resultados, que não atendiam aos seus interesses, resolveram adiar o anúncio, alegando que precisavam consultar antes o Tribunal Superior Eleitoral.

Eram duas pesquisas: uma com o nome de Lula e outra com Fernando Haddad no lugar dele.

Em notas oficiais, Globo e Ibope justificaram o adiamento pela decisão do TSE de barrar a candidatura de Lula, na madrugada de sábado passado, após o registro da pesquisa Ibope na Justiça Eleitoral

Só que o TSE lavou as mãos e devolveu a bola para as empresas.

E o que fizeram Globo e Ibope?

Sem aviso prévio, colocaram no ar, às pressas, na noite de quarta-feira, apenas a pesquisa sem Lula e sem a indicação dos partidos dos candidatos, assim mesmo, a seco, sem maiores explicações.

O apresentador do jornal das 20 horas da Globo News interrompeu uma comentarista e passou a ler um comunicado da emissora, com a gravidade de quem está anunciando um novo Ato Institucional Nº 5.

Em seguida, leu nos gráficos os números da pesquisa sem Lula, em que Haddad aparece com 6%, para passar logo a palavra aos comentaristas, que deitaram e rolaram, eufóricos com o resultado.

Era como se Lula tivesse sido simplesmente tirado da tomada, não se falou mais nele.

Esse foi, em resumo, o enredo do maior escândalo desta campanha eleitoral até agora, que fez lembrar o caso do Proconsult, em 1982.

Naquele ano, para fraudar as eleições para o governo do Rio de Janeiro e impedir a vitória de Leonel Brizola, que acabaria eleito, a Globo manipulou a divulgação da contagem de votos.

Em 1989, a mesma emissora fez uma edição do debate entre Lula e Collor, em que só mostrava os melhores momentos do candidato apoiado pela emissora e os piores do petista.

Transformou um debate em que Collor levou ligeira vantagem numa goleada de 7 a 1 contra Lula.

Nada mais, portanto, pode surpreender o eleitorado quando estão em jogo os interesses superiores dos donos da mídia para determinar os rumos de uma eleição.

Desta vez, porém, a operação foi tão escrachada que cheirou a deboche, a apenas um mês da abertura das urnas, sem a definição do candidato do PT, enquanto Lula recorre aos tribunais superiores e Fernando Haddad ainda é apresentado como candidato a vice na propaganda eleitoral.

Escancararam o vale-tudo numa campanha suja, comandada pelo Judiciário, em que o establishment, para evitar nova vitória da esquerda, agora resolveu investir todas as suas fichas no que sobrou da Operação Lava Jato, o celerado ex-capitão do Exército Jair Bolsonaro, candidato da extrema direita hidrófoba.

São tão onipotentes que, se for preciso, pretendem ganhar por WO, eliminando todos os adversários.

E devem ter certeza de que ninguém está percebendo nada, é tudo jogo jogado, as instituições estão funcionando, e aquelas coisas todas que os comentaristas amestrados gostam de repetir, com um sorriso no rosto, como se tudo isso fosse normal.

Vida que segue.

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Ricardo Kotscho é jornalista - no blog Balaio do Kotscho. 

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