A casa era pequena, pobre, feinha. Ao lada da casinha, numa nesga de terreno , dona Purcina insistia em cultivar um arremedo de jardim. A água era tão salobra que, às vezes, matava as plantas. A velha não desistia. “Uma casa onde não há flores não é morada de gente”, afirmava. Entre as plantas que resistiam, havia uma que me fascinava. Chamavam-na “lírio de São José”. No período das novenas da Virgem das Mercês, eu levava a florzinha singela para tentar alegrar a cara de menina triste da santa...
Hoje, amiga querida me manda do Rio de Janeiro uma foto da plantinha. Num segundo, milhares de lembranças me povoaram a mente. Lupicínio Rodrigues tinha razão: “O pensamento parece uma coisa à toa/ mas como é que a gente voa/ quando começa a pensar”...
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
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