Na remota década de 1970, não se estudava literatura piauiense em nossas escolas por falta de textos de autores piauienses. Da Costa e Silva, Mário Faustino, H. Dobal, O. G. Rego e Assis Brasil estavam tão próximos de nós quanto o Setestrelo.
Foi aí que, em 76, pedi ao poeta Paulo Machado que organizasse uma pequena coletânea com alguns poetas jovens. Paulo selecionou textos de 6 poetas piauienses. Nascia ali CIRANDA, livrinho mimeografado, capa colada com grude.
Decidimos fazer um lançamento ruidoso: alugamos o Theatro 4 de Setembro e fizemos o show "Cenas Piauienses - o Rio", um protesto contra o descaso com que se tratava o Parnaíba.
O valor do ingresso: 2 cruzeiros, com direito a um exemplar de Ciranda. O velho teatro não coube a molecada que para lá afluiu. Vendemos 800 livros na noite de lançamento. Algo que nunca mais se repetiria em Teresina.
A partir daí, passamos a editar regularmente todos os autores piauienses de expressão. Foi a coisa mais consequente que fiz pela cultura piauiense. Tenho um puto orgulho disso. Acreditem.
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
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