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Segunda-feira, 31 de março de 2025
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Cultura

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cantidiosfilho@gmail.com

28/03/2025 - 09h25

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cantidiosfilho@gmail.com

28/03/2025 - 09h25

Dia de Ser Feliz

 

 

Certa feita, uma jornalista me perguntou: “Professor, como o senhor encara o trabalho do escritor?”. Como não me considero escritor, respondi: citando Carlos Drummond de Andrade: “Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos”.

Para mim, o ofício de escrever assemelha-se ao ato desesperado do náufrago que, de uma ilha deserta, escreve bilhetes, põe em garrafas e lança ao mar na expectativa de que alguém as encontre e possa ler as mensagens. Nada é mais incerto do que escrever livros. De uma forma ou de outra, escreve-se. Não me perguntem por quê.
 
Ao que importa: na semana passada, estive em São Braz do Piauí para festejar o aniversário da minha irmã mais nova. Uma festa bonita, com direito a comida sertaneja, forró pé de serra, e até uma manguinha de chuva. Melhor, impossível.

De repente, aproximou-se de mim uma senhora. Apresentou-se e me disse: “Professor, tenho uma dívida para com o senhor”. Como não me considero credor de ninguém, estranhei a declaração. Ela explicou-se: “Eu estava vivendo um momento de turbulência: Infeliz, triste, sem querer saber de ninguém. Só queria afastar-me de todos... Foi aí que me caiu às mãos o livro ‘A metade extraviada’. Comecei a ler, envolvi-me com a história, chorei e concluí que eu estava sendo injusta comigo mesma e com meus familiares e amigos. Quando terminei a leitura, corri para abraçar a todas as pessoas queridas. Seu livro livrou-me de uma depressão, muito obrigada”.

Bem, para quem não conhece o livrinho, não se trata de obra de autoajuda. É a história de uma gatinha abandonada pelos donos, perdão, “tutores”, que precisa se virar sozinha. Um livro destinado ao público infanto-juvenil. Não me contive com a confissão da cidadã. Levei-a até a mesa onde estavam alguns amigos para que ela repetisse a história. Depois, feliz da vida, afirmei: Deus seja louvado: a senhora encontrou uma das garrafas que atirei ao mar! Incontinente, prometi a mim mesmo que não me matarei nos próximos milênios! 

Assim seja.

*****
Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais. 

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