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28/06/2015 - 16h49

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28/06/2015 - 16h49

Grupo Harém estreia novo espetáculo no Theatro 4 de Setembro

 Acesse Piauí

 

O Harém tem Espetáculo?

 

Tem sim, senhor! “Um bico para velhos Palhaços”, de Matéi Visniec, é a nova empreitada hareniana, para sua estréia mundial do espetáculo comemorativo de 30 anos, dessa Cia. amadora de teatro de tablado, de praças, de centro de mesa, de carroceria de caminhão, de picadeiro de circo, de terras e territórios que abrem recepção ao Grupo Harém de Teatro.

 

A estréia ocorre nesta quinta feira, 02 de julho, às 20 horas, no Theatro 4 de Setembro, para convidados, amigos, apoiadores, seguidores do Harém e seu público contumaz dessas quase três décadas de exercício do fingimento e persuasão estética à cena.

 

Em sua 16ª. montagem, desde que o mundo do Harém é mundo, o espetáculo comemorativo de 30 anos de estrada, pé nos palcos nacionais e estrangeiros, traz na novidade um autor romeno, Matéi Visniec.

 

Com ascendência de sobrevivência estético artística na França, o poeta e dramaturgo, resistindo à ditadura que sofria seu país (Nicolae Ceausescu, líder comunista, presidente da Romênia socialista, de 1965 até a sua execução, em 1989), encontra abrigo em território francês, lá pelos idos da década de 1980. Ao se tornar um autor proibido, em seu país, busca asilo político na França, em 1987. 

 

A França o acolhe e dali, território de expansão da Commèdie dell’Arte, esta, filha primordial das terras d’Itália, o artista avança ao ocidente curioso com obras de um novo Téspis, o do leste europeu, que fez-se criador e criatura da própria obra em língua francesa para ganhar mundos e tornar-se o mais montado também em sua própria pátria.

 

Entre seus preciosos dramas, estão o que o Harém desconstrói e relê para “Um bico para velhos Palhaços”, ou “Velhos Palhaços, procura-se” e outras assinaturas como “Cuidado com as Velhinhas Carentes e Solitárias”; “A História dos Ursos Pandas”; “As Palavras de Jó”, “A Volta para Casa”, entre muitas pérolas jogadas aos outros.

 

O que dizer-se do autor, de belas obras de apreensão que posterizam teatro e política, vida, arte e pensamento e que nos recomenda que “a arte do teatro tem a mesma força e o mesmo frescor, hoje, que na época de Sófocles e Eurípedes. É uma arte viva e nada pode substituir a emoção que emana dessa cerimônia interrogativa que é o teatro. Fazer teatro, ir ao teatro, amar o teatro são maneiras de transformar a civilização”.

 

A arte transforma, cria novas experiências, seja de epifania, distanciamento, reflexão geradora de transformar à nova reflexão e retroalimentar esperanças de novas experimentações a partir das estéticas interativas.

 

A ponte de chegada ao Brasil é também por terras de início de terras brasis. A Bahia de todos os Santos, através de Márcio Meireles, é local que acolhe o artista que, tendo sua obra lançada, viu que vencera o tempo e a arte ao impor seu trabalho de construir melhores perspectivas de sociedades, através da ação da cena, também. Da Romênia/França ao Brasil, Bahia, Salvador, Teatro Vila Velha, Universidade Livre de Teatro Vila Velha.

 

“O sucesso internacional chegará como reconhecimento da obra de um autor que, desde 1992, é um dos mais montados no off do Festival de Avignon, com cerca de quarenta criações. Acrescente-se o fato dele ser, desde a queda do comunismo na Romênia, o autor dramático vivo mais encenado no país, devidamente reconhecido pelos seus pares em 2009, quando recebeu o importante Prêmio Europeu da SACD – Sociedade dos Autores e Compositores Dramáticos da França. Natural que, com essa trajetória, ele chegasse ao Brasil.” (ENCONTROS E DESCOBERTAS: O ENCENADOR E O POETA. texto de deolinda vilhena para o programa de PROJETO MATÉI – cinco peças de matéi visniec encenadas por marcio meirelles e realizadas pelo teatro vila velha – julho agosto 2015)

 

Visniec, com duas passagens pelo Brasil/Bahia/Salvador, a primeira em 2013, salta de “ilustre desconhecido a febre nacional, Matéi Visniec tem sua obra levada aos palcos brasileiros os mais diversos: de Gilberto Gawronski passando por Miguel Hernandez e André Abujamra, chegando até Regina Duarte, sim a nossa eterna namoradinha, estrela maior da televisão brasileira, assinou a direção de A Volta para Casa e confessa ter planos para dirigir outros textos de Visniec.” (Idem)

 

O Piauí também tem sua participação nessa terçã paixão pelo poeta e dramaturgo romeno que nos ensina a ver a arte como libertadora e determinante na quebra das amarras manipuladoras, orquestradas por pessoas das “grandes idéias”.

 

Aposta o artista na resistência cultural e na capacidade da literatura em demolir o totalitarismo. Acima de tudo acredita na força do teatro e da poesia como denúncia de velhos conceitos e de renovação estética e social. “É assim que ele se transformará na figura emblemática da geração anos 80 em seu país.” (Idem ibidem)

 

O Grupo Harém de Teatro abre a mais nova empreitada, com a montagem de “Um bico para velhos Palhaços”, com acento de dramaturgia de cena construída por Arimatan Martins e reúne os atores Fernando Freitas, Francisco de Castro e Francisco Pellé. Produção executiva, Soraya Guimarães; iluminação, Assai Campelo; cenografia e adereços, Manu Andrade; figurinos, Bid Lima; pesquisa e música incidental, Zé Dantas; músicas compostas Daniel Hulk. A realização do espetáculo leva a assinatura financeira às expensas do próprio Grupo.

 

A estréia do dia 02 de julho, quinta feira, promete emocionar e revelar novos risos na ironia política e refinada hareniana que encontra identidade de interações estéticas em Matéi Visniec.

 

O humor hareniano se estabelecerá na práxis de propósitos que lança o homem brasileiro ao centro da cena e afina seu teatro com grande autor do leste europeu. E, como diz o próprio dramaturgo romeno, “Para mim, o humor tem duas facetas – uma que provoca riso e outra, escondida, que faz chorar. Nas minhas peças eu proponho um voo por cima do humor triste”. Nada mais a ser dito.

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