“Uma geração sem reposição” (jornalista Elizabeth Lorenzetti sobre a morte de Alberto Dines).
Acordei nesta terça-feira com uma notícia muito triste, não só para os jornalistas, mas para todos os leitores: perdemos Alberto Dines, um dos grandes mestres da minha geração, que passou a vida tentando melhorar a imprensa brasileira.
Generoso e incansável na sua luta por qualidade e ética na prática deste ofício, Dines comandou grandes redações, promoveu reformas que marcaram época, como a do Jornal do Brasil nos anos 60, e criou o Observatório da Imprensa, em 1996, em várias plataformas, a sua grande obra na crítica sistemática aos meios de comunicação no país.
Era, acima de tudo, um grande sonhador, achava que o jornalismo poderia melhorar o mundo ao denunciar as suas mazelas e apontar caminhos para um convívio mais civilizado.
Já com recorrentes problemas de saúde nos últimos anos, o mestre pegou há dez dias uma gripe que virou pneumonia e morreu de insuficiência respiratória, aos 86 anos.
Vivia sempre em movimento, bolando coisas novas, falava muito sem levantar a voz, alternando paixão e indignação, era muito estudioso e culto, procurava ajudar os outros.
Comecei a gostar dele quando escrevia a coluna “Jornal dos Jornais”, na Folha, nos anos 70, onde foi um corajoso precursor da crítica de mídia quando dirigia a sucursal do jornal no Rio, e mais tarde nos tornamos bons amigos.
Ajudou a formar levas de estudantes e jornalistas, passando a eles a prática cotidiana aliada à teoria que aprenderam nas escolas onde lecionou.
Com lugar garantido na galeria dos grandes protagonistas da imprensa brasileira no último meio século, era um jornalista por vocação, um tipo cada vez mais raro nas nossas redações.
Já fazia muita falta, e agora só nos resta guardar na memória a lembrança do seu convívio sempre comemorado na festa dos seus 80 anos numa cervejaria paulistana, a última imagem que guardo dele.
Aos que estão começando agora na profissão, recomendo pesquisar no Google e nos seus livros a longa trajetória de Alberto Dines no jornalismo porque hoje só quero mandar um beijo para sua mulher, minha amiga Norma Couri, também jornalista e dedicada companheira.
Valeu, Dines.
Vida que segue.
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Ricardo Kotscho é jornalista no Balaio do Kotscho.
Acordei nesta terça-feira com uma notícia muito triste, não só para os jornalistas, mas para todos os leitores: perdemos Alberto Dines, um dos grandes mestres da minha geração, que passou a vida tentando melhorar a imprensa brasileira.
Generoso e incansável na sua luta por qualidade e ética na prática deste ofício, Dines comandou grandes redações, promoveu reformas que marcaram época, como a do Jornal do Brasil nos anos 60, e criou o Observatório da Imprensa, em 1996, em várias plataformas, a sua grande obra na crítica sistemática aos meios de comunicação no país.
Era, acima de tudo, um grande sonhador, achava que o jornalismo poderia melhorar o mundo ao denunciar as suas mazelas e apontar caminhos para um convívio mais civilizado.
Já com recorrentes problemas de saúde nos últimos anos, o mestre pegou há dez dias uma gripe que virou pneumonia e morreu de insuficiência respiratória, aos 86 anos.
Vivia sempre em movimento, bolando coisas novas, falava muito sem levantar a voz, alternando paixão e indignação, era muito estudioso e culto, procurava ajudar os outros.
Comecei a gostar dele quando escrevia a coluna “Jornal dos Jornais”, na Folha, nos anos 70, onde foi um corajoso precursor da crítica de mídia quando dirigia a sucursal do jornal no Rio, e mais tarde nos tornamos bons amigos.
Ajudou a formar levas de estudantes e jornalistas, passando a eles a prática cotidiana aliada à teoria que aprenderam nas escolas onde lecionou.
Com lugar garantido na galeria dos grandes protagonistas da imprensa brasileira no último meio século, era um jornalista por vocação, um tipo cada vez mais raro nas nossas redações.
Já fazia muita falta, e agora só nos resta guardar na memória a lembrança do seu convívio sempre comemorado na festa dos seus 80 anos numa cervejaria paulistana, a última imagem que guardo dele.
Aos que estão começando agora na profissão, recomendo pesquisar no Google e nos seus livros a longa trajetória de Alberto Dines no jornalismo porque hoje só quero mandar um beijo para sua mulher, minha amiga Norma Couri, também jornalista e dedicada companheira.
Valeu, Dines.
Vida que segue.
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Ricardo Kotscho é jornalista no Balaio do Kotscho.
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