Nós que fazemos a saúde pública no Piauí e no Brasil dedicamos o mês outubro rosa que símbolo da nossa luta contra o câncer de mama. O câncer de mama  afeta milhões de mulheres em todo o mundo.
     
O que é mesmo o câncer de mama? É o tipo de câncer mais comum entre as mulheres do mundo e no Brasil, depois do de pele não melanoma, respondendo por cerca de 25% dos casos novos a cada ano. O câncer de mama também acomete homens, porém é raro, representando apenas 1º do total de casos da doença. Relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta idade sua incidência cresce progressivamente, especialmente após os 50 anos. Estatísticas indicam aumento da sua incidência tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. Existem vários tipos de câncer de mama. Alguns evoluem de forma rápida, outros, não. A maioria dos casos tem bons prognósticos.
     
Sintomas. O câncer de mama pode ser percebido em fases iniciais, na maioria dos casos, por meio de alguns sinais e sintomas. A principal manifestação da doença é o nódulo, fixo e geralmente indolor. O nódulo está presente em cerca de 90% dos casos quando o câncer é percebido pela própria mulher. Outros sinais e sintomas são: pele da mama avermelhada; alterações no bico do peito; pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço; e saída de líquido anormal nas mamas. O diagnóstico pode ser feito mamografia, mas a confirmação só é feita por meio de biópsia.   
     
Tratamento. Importantes avanços na abordagem do câncer de mama aconteceram nos últimos anos, principalmente no que diz respeito a cirurgias menos mutilantes, assim como a busca da individualização do tratamento. O tratamento varia de acordo com o estadiamento da doença, suas características biológicas, bem como das condições da paciente (idade, status menopausal, comorbidades e preferências). O prognóstico do câncer de mama depende da extensão da doença (estadiamento), assim como das características do tumor. Quando a doença é diagnosticada no início, o tratamento tem maior potencial curativo. Quando há evidências de metástases (doenças a distância), o tratamento tem por objetivos principais prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida. 
     
Prevenção. A prevenção do câncer de mama não é totalmente possível em função da multiplicidade de fatores relacionados ao surgimento da doença e ao fato de vários deles não serem modificáveis. De modo geral, a prevenção baseia-se no controle dos fatores de riscos e no estímulo aos fatores protetores, especificamente aqueles considerados modificáveis. Estima-se que por meio da alimentação, nutrição e atividades físicas é possível reduzir em até 28% o risco de a mulher desenvolver câncer de mama. 
      
O câncer de mama é uma doença conhecida há milhares de anos, mas o entendimento científico sobre ela tem evoluído ao longo do tempo. Acredita-se que os registros mais antigos da doença remontam ao antigo Egito, por volta de 1600 a.C, onde foram encontrados descrições de tumores mamários. A história diz que no final da década de 70, depois de Susan Goodman Komen, descobriu ter câncer ao diagnosticar um tumor na mama. Naquele momento a jovem se viu sem rumo, pois na época não havia tratamento para a cura da doença, muito menos métodos de prevenção. Segundo pesquisas, o câncer de mama não tem uma causa única. Pesquisas ligadas à epidemiologia analítica (caso-controle) foram realizadas entre nós, sendo que uma das primeiras ocorridas no Brasil foi sobre o câncer de mama(1965-1968), coordenada pelo Registro do Câncer de São Paulo. Sabe-se que 95% dos casos diagnosticados de câncer de mama no início têm possibilidade de cura.
     
Na atualidade o câncer de mama tornou-se um problema de saúde pública no Brasil, pois houve um aumento significativo de incidência, quanto às mortalidade em nosso país. 
     
O SUS e o Câncer de Mama. Para o tratamento de Câncer de Mama, o SUS oferece todos os tipos de cirurgia, como mastectomias, cirurgias conservadoras e reconstrução mamária, além de radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e tratamento com anticorpos. A Lei nº 12.732/2012, estabelece que o paciente com neoplasia tem direito de se submeter ao primeiro tratamento no SUS, no prazo de até 60 dias a partir do dia em que for firmado o diagnóstico em laudo patológico ou em prazo menor, conforme a necessidade terapêutica do caso. É importante lembrar que os Estados e Municípios possuem autonomia para organizar uma rede de atenção oncológica e o tempo para realizar diagnósticos depende da organização e regulação desses serviços (acontece que os prefeitos não gostam de gastar dinheiro com a saúde das pessoas e colocam todas as dificuldades possíveis). É preciso que a sociedade saiba como funciona o SUS. Em todos os municípios do Brasil possui um conselho de saúde, onde seus conselheiros têm a obrigação de conhecer as leis do SUS.  
     
A história do Outubro Rosa teve início nos Estados Unidos, quando diversos estados realizavam ações isoladas referente à saúde da mulher neste mês. Foi a partir deste movimento popular que o Congresso Americano definiu outubro como o mês nacional de prevenção do câncer de mama. Na década de 1990.
     
Símbolo do Movimento Outubro Rosa. O laço rosa, que representa conscientização e prevenção contra o câncer de mama, ganhou notoriedade internacional a partir de 1990 quando a Fundação Susan  G. Komen for the Cure usou o símbolo pela 1ª vez na Corrida pela Cura, em Nova Iorque. Desde então, o evento é realizado anualmente na cidade. No Brasil, a primeira iluminação rosa ocorreu em 2002, em São Paulo, no Obelisco do Ibirapuera. A partir de então, ano a ano, o Outubro Rosa foi se fortalecendo e ganhando visibilidade também entre os brasileiros e brasileiras, principalmente entre nós que fazemos o controle social no SUS. Em 2008, o Instituto Neo Mama de Prevenção e Combate ao Câncer de Mama iluminou a Fortaleza da Barra, situada em Santos (SP), com o objetivo de incentivar as mulheres da Baixada Santista a aderirem ao mutirão de mamografias promovido pelo governo de São Paulo. Também neste ano, o Cristo Redentor, (RJ), ganhou tons de rosa, além de monumentos em Porto Alegre (RS), Salvador, Teresina (PI) e Poço de Caldas (MG). Hoje todo o Brasil abraçou essa bandeira. De acordo com a OMS, todos os anos, cerca de 2 milhões de mulheres são diagnosticadas no Brasil. Vamos combatê-los. É obrigação nossa, principalmente quem defende o SUS e o Controle Social.  
     
Programa Mais Médicos. Amanhã, dia 06 de novembro de 2023 em Teresina - Piauí vai acontecer um evento de acolhimento aos médicos do Programa Mais Médicos. Seria bom que nós que fazemos o Controle Social no SUS, também pessoas interessadas prestigie esse evento. No dia 08 de julho de 2013, estive no Palácio do Planalto, representando o Controle Social do Piauí, quando a Presidente Dilma Rousseff lançou esse programa (de iniciativa do Ministro da Saúde da época Alexandre Padilha), cujo objetivo seria suprir a carência de médicos nos municípios do interior do Brasil e nas periferias das grandes cidades. 
     
Aqui no Piauí, ainda no mês de julho nós aprovamos o programa no Conselho Estadual de Saúde e no dia 14 de setembro de 2013, fomos ao Aeroporto de Teresina recepcionar os primeiros médicos que vieram para o nosso estado. Como presidente do Conselho Estadual de Saúde acompanhamos quase todos os municípios que foram contemplados com aqueles profissionais e, nunca recebemos uma reclamação. No final do governo Dilma (que sofreu um golpe), o Programa Mais Médicos chegou a ter 18.240 médicos no Brasil, garantindo acesso a 63 milhões de pessoas em 4.058 municípios (aprovado por 80% da população brasileira). Infelizmente os governos seguintes (Michel Temer e Bolsonaro) desmontaram o programa. 
     
Em 2023, no 3º governo do Presidente Lula, sendo Ministra da Saúde, a competente Nísia Trindade o programa foi relançado, agora com perspectiva de 28 mil profissionais em 2023 e abrangência de atendimento de 96 milhões de pessoas. VIVA O SUS 100% PÚBLICO. Pense nisso! 

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José Teófilo Cavalcante é Conselheiro de Saúde e Diretor do SINTSPREVS - PI.