Há 30 anos, 5 de maio de 1994, quando o Brasil inteiro chorava a morte de Ayrton Senna, discretamente Mário Quintana calou-se, deixando como legado o que de melhor já se produziu em matéria de poesia lírica entre nós. Para o inventor da simplicidade, "a morte é a libertação total: a morte é quando a gente pode, afinal, estar deitado de sapatos". Viva Quintana!
Minha morte nasceu que eu nasci...
Despertou, balbuciou, cresceu comigo...
E dançamos de roda ao luar amigo
Na pequenina rua em que vivi
Já não tem mais aquele jeito amigo
De rir que, aí de mim, também perdi
Mas inda agora a estou sentindo aqui,
Grave e boa, a escutar o que lhe digo:
Tu que és minha doce prometida,
Nem sei quando serão nossas bodas,
Se hoje mesmo... ou no fim de longa vida...
E as horas lá se vão, loucas ou tristes...
Mas é tão bom, em meio às horas todas,
Pensar em ti...saber que tu existes!
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
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