A moça, feita de porcelana e sonho, aproximou-se do homem que já vivera muitas luas. Com extrema delicadeza, pediu-lhe: “Por favor, não me ame tanto a ponto de me perder”. Para alguém menos atento, a frase soaria enigmática, “coisa de mulher”. Para ele, o recado não poderia ter sido mais explícito: chega! Estava a caminho de uma paixão desvairada, cujas consequências não poderia imaginar. A moça, suave como o voo de uma garça numa tarde azul, saiu de sua vida como entrara: com extrema suavidade... Um sonho bom que se esvaiu, deixando no ar um suave cheiro de jasmim. Deixou-lhe também um arremedo de poema, que termina assim: É que, em matéria de amor,/ eu sou assim:/ um pouco mais/ um muito menos.../ eu nunca sei o ponto certo/principalmente se você está por perto.
Agora, já não corre o risco de perdê-la. Será, para sempre, sua como a luz de Vésper que, sem nada exigir da vida, brilha na imensidão do céu. É de todos e de ninguém.
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
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