Empolgado com o sucesso de "Ciranda"(1976), no ano seguinte, publicamos Ô de Casa!, uma coletânea de contos: 17 contistas. Três já conhecidos: Magalhães da Costa, Francisco Miguel de Moura e Geraldo Borges. Dos estreantes, pelo menos três (João Luiz Rocha do Nascimento, Paulo Machado e Rubervam du Nascimento) tornaram-se escritores.
Em relação ao livro anterior, um salto de qualidade: capa em offset (uma bela foto de Fernando Campos) e impresso numa tipografia de verdade(COMEPI). Uma edição pra lá de ousada: 2.000 exemplares.
Entre os contistas estreantes, figuravam Assaí Campelo e Arnaldo Albuquerque. Havia também um português, um certo João Carneiro, cidadão do mundo.
Na véspera do lançamento, juntei a cambada e expliquei: cada um fica com 40 livros. Vendam em escolas, bares, ruas e becos. Preço do exemplar: dois cruzeiros. Foi aí que um dos autores se levantou e disse: "Eu discordo do preço. Um livro vendido por dois cruzeiros desmoraliza os artistas". Retruquei de bate-pronto: por favor, irmão, me diga o nome do artista e eu o retiro do livro. Assim, cada exemplar custará apenas um e oitenta. Gargalhada geral.
Os tempos eram penumbrosos, mas havia a crença e viver não doía tanto...
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Cineas Santos, professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
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