Na XI edição do Salão de Humor do Piauí (1992), M. Paulo Nunes, José Elias Arêa Leão e eu, editamos, pela FUNDAC, a revista em quadrinhos ÁGUA, texto de Luís Fernando Veríssimo e desenhos de Jayme Leão. Na capa da revista, a advertência: “Profecia em quadrinhos”. 32 anos depois, a profecia está a caminho de realizar-se. O inimaginável aconteceu: o maior rio do planeta agoniza.
À época do lançamento, autores e editores fomos chamados de “alarmistas”. A revista retrata o drama de um grupo mínimo de pessoas que, teimosamente, insiste em continuar vivendo, melhor seria morrendo, num imenso deserto sem água, sem árvores, sem vida... O deserto tem o nome de Amazônia.
Irmãos e irmãzinhas, confesso, um tantinho constrangido, que não me preparei para assistir ao fim do mundo. A pior parte: não sobrará ninguém para lamentar. Fecho com Murilo Mendes: “ Tenho pena dos que vão nascer”.
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
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