Já estamos na noite de 31 de março, quando há 61 anos, o General Mourão saiu de Juiz de Fora com sua tropa para apoiar o golpe que aconteceria amanhã – o Dia da Mentira que durou 21 anos. Hoje já se sabe que o “patriotismo” de Mourão foi provocado por um milhão e meio de moeda americana. Na América Latina nunca precisou de os norte-americanos colocarem suas forças armadas em ação. Bastava terceirizar as forças patriotas para atacar seu próprio povo.
A primeira mentira viria com a desculpa de salvar o país de um comunismo fantasmagórico para fazer eleições livres. Antes que Lacerda, Juscelino e outras lideranças da direita ficassem alegres por apoiar o “movimento patriótico”, surgiu outra mentira para cassar todos os políticos expressivos da direita e da esquerda. A direita sempre vai parir a extrema direita e ser devorada pela filha. E os milicos já estavam matando a esquerda que nem participou da luta armada.
A esquerda mais radical tentou enfrentar o monstro no poder. Foi dizimada por ele e pelos psicopatas a serviço das torturas nos porões. Histórias de horrores nos porões foram praticadas por sádicos e canalhas desprovidos de humanidade. Só quando a classe média – sustentáculo da direita – começou a perder seus filhos nos porões é que deixou de acreditar na mentira.
Quando do AI5, as mínimas garantias democráticas foram suspensas e a mentira de não jogar sujo atropelou a todos. O Coronel Jarbas Passarinho ficou famoso porque mandou às favas os escrúpulos dos assinantes do ato que empoderou o guarda da esquina nos temores de Pedro Aleixo, vice-presidente civil que se prestou a mentir uma democracia inexistente.
Até para sair mentiram: os milicos anistiaram a si próprios, anistiando os que voltaram por ter fugido. Os mortos foram anistiados também, mas não puderam se levantar, enquanto seus algozes estão anistiados numa assimetria inominável.
E mentiram também depois de acabada a ditadura. Ressuscitaram no governo Bolsonaro e querem voltar. Como não deu certo, já pedem anistia pelo crime de golpistas, mesmo antes de serem julgados. O que significa serem réus confessos que nem precisariam de acusação.
É preciso que lembremos de ontem para não acontecer hoje. Sem anistia para os que desejaram a volta da ditadura.
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Edmar Oliveira é jornalista e escritor - nas redes sociais.
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