Confesso que sou um saudosista. Às vezes, me pego desejando que algumas cenas do passado revivam, para que eu possa trazer de volta os bons momentos que me proporcionaram. Mas isso é impossível. O passado está diferente, não é mais aquele que vivemos.
Hoje em dia, quando encontro algum amigo de velhos tempos, não é mais o mesmo que está diante de mim. Mas existem certos amigos que me fazem muita falta. O advogado Luiz Gonzaga Paes Landim foi um deles.
Certamente, se ele pudesse reviver não seria mais o mesmo Landim que por tantas horas me deu o prazer de sua companhia, com suas conversas elegantes, divertidas e, sobretudo, apaixonadas. Landim faleceu na noite de um domingo, 23 de maio de 2021, portanto, há três anos. Foi levado pelo traiçoeiro e inexplicável vírus da Covid-19. Sofreu as mazelas de suas complicações, a um salto da imunização. Estava prestes a completar 80 anos. Uma tristeza.
Ele foi um amigo querido, um homem bom, inteligente, leitor voraz, vaidoso, de conhecimento vasto e bon-vivant.
Enquanto eu puder, lembrarei dele com carinho, como forma de render minha homenagem ao tempo em que durou nossa amizade. Reconheço o quanto eu o admirava e do quanto ele me valorizou sem me conhecer. Discutíamos assuntos variados, ora descontraídos, à mesa de um bar, ora debruçados sobre documentos de sua pasta.
Eu o conheci nos corredores do Hotel Cívico, em Parnaíba. Ele havia sido indicado presidente da então Empresa de Turismo do Piauí (PIEMTUR), no primeiro governo de Wellington Dias (2003). Na ocasião, me chamou para assessorá-lo. Ele queria que eu revisasse a ortografia e o conteúdo de todos os documentos, antes de assiná-los, que emitisse parecer sobre assuntos turísticos e que redigisse os seus discursos.
Por diversas vezes, nos encontramos para o café da manhã em sua residência. Viajamos juntos em algumas ocasiões e, por toda essa convivência, pude admirá-lo como um homem de gosto refinado, de boa convivência e de privilegiada inteligência e lógica de raciocínio.
Continuamos a nos encontrar, mesmo depois que ele deixou a PIEMTUR, e eu recebia com regularidade mensagens suas por WhatsApp. A última foi no dia 25 de abril de 2021, um mês antes de seu falecimento, quando, creio, ele ainda não havia contraído aquele vírus maldito.
Quisera eu não precisar mais lamentar a morte de ninguém, nem de um amigo.
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Eneas Barros, escritor piauiense - nas redes sociais.
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