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Segunda-feira, 25 de novembro de 2024
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12/08/2024 - 12h27

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12/08/2024 - 12h27

Disputa Eleitoral em Parnaíba

 

Francisco Emanuel, Zé Hamilton e Dr. Hélio

 Francisco Emanuel, Zé Hamilton e Dr. Hélio

Gente amiga, escrevo para desabafar. 

Estou cabisbaixo nesta manhã de domingo. Acabei de assistir o debate dos candidatos à prefeito de Parnaíba, ocorrido ontem. O debate empobreceu nossa cultura política.

A tentativa de desclassificação do doutor Hélio por “ser de fora” alimentou o cabotinismo. Negou a história de uma cidade construída por adventícios. 

Parnaíba mostra traços de todo o mundo ocidental, onde o burguês europeu se impôs. É também meio africana, não apenas por conta dos afrodescendentes, mas por replicar o que os ibéricos levaram à África. 

Há cidades nas margens do Oceano Índico que me lembraram Parnaíba. Vi ruas, praças e casas iguaizinhas às que temos aqui. Em Cuba, do mesmo jeito.

Parnaíba fez-se como empório comercial. Empórios atraem circunvizinhos. Abraço os que vêm de Tutóia, Camocim, Granja, Chaval, Buriti dos Lopes, Miguel Alves, São Bernardo, Cocal... São conterrâneos queridos!

Outro momento ruim foi a tentativa de desclassificação de Francisco Emanuel por ser jovem. Quem disse que jovem não pode administrar melhor que alguém de mais idade? 

Há velhos que nasceram velhos e idosos que não envelheceram. 

A discriminação do jovem é tão inadmissível quanto à discriminação do velho. Etarismo é crime! 

A acusação de que Francisco Emanuel administraria sem autonomia em relação ao atual prefeito sugere a ideia de que alguém pode administrar desatrelado de esquemas políticos. 

Isso não existe em nenhum sistema político do mundo, nem em autocracias!

O sistema político brasileiro é oligárquico e no Piauí não é diferente. Há famílias que se eternizam no mando. Zé Hamilton é o que melhor exemplifica o sentimento oligárquico: sua família participa do mando há mais de um século, mas isso não compromete suas qualidades de administrador. 

Não fosse o apoio que deu ao fascista Bolsonaro, eu poderia votar em Zé Hamilton.

Aliás, líderes de esquerda também adotam práticas antirrepublicanas quando indicam suas mulheres, filhos e sobrinhos para posições públicas. A disputa eleitoral em nossa cidade aprofunda a fragilidade do espírito republicano.

O momento mais baixo do debate foi quando uma mãe solteira foi estigmatizada. Embrulhei o estômago. Tenho vontade de mandar um buquê de rosas a mulher agredida. Julgar um candidato por não ter sido criado pelo pai biológico é um desrespeito.

Nenhum aspecto programático foi seriamente discutido ontem. 

Os candidatos não expuseram propostas objetivas para dinamizar a economia, ampliar e baratear a produção de alimentos, gerar emprego, conter a especulação imobiliária, defender o meio ambiente, inibir o patriarcado, desenvolver a ciência e a tecnologia, impulsionar a cultura, revitalizar o centro histórico... 

Enfim, nenhum mostrou cuidado com o amor-próprio parnaibano. 

Meu voto está decidido faz tempo. Sou de esquerda, votarei em quem representa, pelo menos formalmente, a luta contra o ultraconservadorismo que nos ameaça.

Mas como gostaria que essa disputa eleitoral ajudasse o parnaibano a ganhar melhor compreensão do momento histórico que atravessamos!

*****
Manuel Domingos Neto é parnaibano, Doutor em História pela Universidade de Paris - nas redes sociais. 
 

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